sábado, 21 de junho de 2008

Criatura X Criador

foto Cristiano Prim

Uma história sem palavras, mas com algo a dizer, cheia de lirismo e poesia, que nos faz esquecer que não se trata de personagens humanos, mas, sim, pequenos bonecos. É o que a Cia. Mútua de Teatro & Animação apresentou na cidade neste sábado, em duas sessões, com a peça A Caixa.

Tudo se inicia quando brinquedos destruídos e desprezados são jogados no lixo numa caixa. O que seria o fim, no entanto, se transforma no começo. Os manipuladores, inconformados, resolvem interferir na história dando vida a um dos brinquedos: o palhaço. A frágil criatura, então, se depara com uma grande cidade, onde a dureza da metrópole vai minando a esperança de encontrar alguém que salve seus companheiros do abandono.


A Caixa é o resultado de 15 meses de pesquisa e experimentações no teatro de animação a partir de livre inspiração no livro Clown, do inglês Quentin Blake. A obra, sem textos, foi publicada originariamente no Reino Unido em 1995 e contemplada com vários prêmios, dentre eles o “Bologna Ragazzi Children’s Fiction Prize”, considerado o melhor livro para crianças publicado no mundo em 1996.


Assim como na obra de Blake, o espetáculo não tem texto falado. Para a comunicação e encenação, o grupo se utiliza de técnicas como o blablado (linguagem vocal derivada do grammelots, utilizada durante a Idade Média pela Commedia dell´Arte na Europa) e a manipulação direta sobre balcão. A técnica é tão precisa que quase se esquece que os pequenos personagens não têm vida própria.


A peça retoma o jogo entre animador e objeto animado, estabelecendo uma relação mútua de cumplicidade entre eles. A idéia é recriar a linguagem visual dos desenhos animados, sensibilizando o público infantil e adulto pela simplicidade com que se desenvolve a trama.



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